Plano ou Camisa de Força?

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Você já se pegou pensando a estratégia de seu negócio com uma ilusão de rigor científico, tentando controlar as variáveis, antever circunstâncias, decidir antecipadamente os pequenos aspectos? Parafraseando o gênio Garrincha, “lembrou de combinar com os russos”?

Até que ponto é possível planejar um negócio com eficácia? Quão detalhados podem e devem ser nossos planos? Quanto devemos confiar nas premissas de nosso planejamento? E a pergunta mais difícil e importante: Qual é o momento certo para mudar nossos planos?

Entre os vários problemas relacionados ao processo de planejamento, independentemente do tamanho de nossos planos (um negócio, um projeto ou um simples plano de ações), um dos grandes erros que cometemos é subestimar a incerteza e perder o olhar abrangente das coisas, que permite o distanciamento necessário para julgar se um plano continua conveniente e adequado ao contexto da organização.

O Planejamento, segundo Peter Drucker, deve servir como “uma carta de intenções, (..) não deve em hipótese alguma, ser transformado em uma camisa de força”. Um dos grandes propósitos do planejamento estratégico é o aproveitamento de oportunidades, e estas são inerentemente dinâmicas e incertas. Logo, os planos facilmente perdem eficácia, diante de mudanças no ambiente de negócios.

Segundo Miyamoto Musashi, a estratégia deve ser como a água, “que adota a forma do recipiente que a contem, às vezes goteja, às vezes é como o mar bravio”. A flexibilidade é a chave para a eficácia.

Naturalmente, não significa que ao menor vento de mudança os planos serão abandonados. Um bom planejamento estabelece balizas que direcionam o foco em torno da missão e da cultura da organização.

E um bom plano deve ser concebido de forma que mudanças circunstanciais não afetem sua essência. Mas devem permitir e até facilitar o processo de mudança diante de premissas desatendidas sem que a estratégia seja prejudicada.

Eu tenho aprendido que, se todos nossos planos funcionaram exatamente como concebidos, alguma coisa muito errada aconteceu: oportunidades foram perdidas e horizontes foram confinados.

As melhores coisas da vida nos surpreendem, moldam nossos planos, nos obrigam a reagir, mudar, aprender, crescer. No mundo dos negócios não é diferente: precisamos manter um olhar abrangente, atento às oportunidades, e criar espaço para que estas sejam aproveitadas.

Os planos são importantes, sim, sem eles ainda estaríamos vivendo na idade das pedras, mas precisamos manter as opções abertas e não podemos nos apegar passionalmente às nossas agendas.

ASSUNTOS: planejamento / estratégia / liderança / gestão

por Michael Cardoso
Co-fundador e diretor de operações da JExperts

 
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