16 indicadores para acompanhar de perto durante a crise

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A crise da pandemia COVID-19 trouxe desafios à governança das empresas. Com a dispersão da equipe, as dificuldades financeiras de clientes e o “apagão” de oportunidades, é fundamental que gestores tenham um cockpit confiável de suas operações, para que possa antecipar tendências e atuar de forma preventiva.

Para negócios B2B (Empresas de software, fabricantes de equipamentos para a indústria, prestadores de serviços, consultorias, entre outros), pode ser especialmente desafiador administrar uma crise: prolongamento do ciclo de vendas (que já é normalmente longo), redução da demanda, clientes enfrentando cortes de orçamento e retenção de investimentos, solicitações de renegociação e pedidos de cancelamento são apenas algumas das preocupações que assombram os líderes.

Este artigo apresenta os indicadores essenciais para operar durante a crise do COVID-19, com dicas práticas de como aplicar estas métricas “higiênicas” em um negócio B2B (Business to Business) e com a indicação de quais riscos a companhia está sujeita quando estes indicadores atingem um limite crítico.


Check-up da gestão #

Já se tornou lugar comum falar sobre a importância de se constituir indicadores de desempenho. Grande parte das empresas já fez o seu dever de casa em estabelecer e monitorar seus indicadores essenciais.

Entretanto, em um contexto de crise, alguns tipos de indicadores ganham maior importância na agenda de governança da empresa, especialmente as métricas mais diretamente ligadas à preservação de valor e sinais vitais do negócio. A seguir, apresentaremos 16 indicadores fundamentais para operar em segurança durante a crise.


Saúde financeira #

Grande parte das empresas opera e toma suas decisões orçamentárias com base no regime de competência, tendo como base seu desempenho contábil (EBITDA, Lucro, Faturamento, etc). Esse tipo de abordagem gerencial funciona quando a empresa possui uma boa capacidade de geração sustentável de caixa, especialmente se esta possui uma reserva segura de capital de giro provisionada em caixa.

Em um momento de crise econômica, o grande perigo desta abordagem é a manutenção de um padrão de gastos incompatível com a entrada real de caixa, em especial nas empresas mais expostas à problemas de inadimplência, ou cujos contratos possuam prazos de pagamento muito longos. Uma vez que a companhia esteja enfrentando um decaimento acelerado de sua demanda, tanto da base de clientes como de novos negócios, faz-se necessário tomar as decisões orçamentárias no dia a dia com base na sua geração de caixa.

Muitos negócios enfrentarão dificuldade e até podem quebrar por problemas no fluxo de caixa durante a crise, mesmo que na competência os números se apresentem satisfatórios. A seguir, apresento 5 indicadores críticos sobre a saúde financeira da empresa:

a. Fluxo de caixa #

A manutenção de fluxos de caixa positivos é o indicador financeiro mais importante durante a crise, pois nele se materializa a ocorrência e o impacto das variações de demanda e da descontinuidade do negócio no
cenário de isolamento social decorrente da pandemia. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de fluxo de caixa da empresa:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Saldo de Caixa
Como medir Somatório de todas as entradas de caixa menos somatório de todas as saídas de caixa.
Frequência de medição Diariamente ou Semanalmente
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Maior/melhor
Limite saudável Entrada de caixa deve ser pelo menos 30% maior que as saídas de caixa (dependendo do modelo de negócio, se for baseado em receitas recorrentes ou não, esta margem pode variar)
Limite de tolerância Entrada de caixa deve ser pelo menos 10% maior que as saídas de caixa
Riscos relacionados Aumento do endividamento; Atraso ou impossibilidade de pagamento de fornecedores; Atraso ou impossibilidade de pagamento de colaboradores
Causas de desvio Redução de faturamento e receita; Inadimplência; Redução nas vendas; Perda de clientes

b. Inadimplência #

A inadimplência é um importante fator de risco e causa direta de problemas na geração de caixa da empresa. O efeito da inadimplência sobre o caixa é instantâneo. É imprescindível analisar separadamente a inadimplência que representa o atraso no pagamento e a inadimplência que representa um efetiva perda irrecuperável. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de inadimplência da empresa:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Inadimplência
Como medir Somatório do valor faturado dos contratos em atraso (recuperável e não recuperável)
Frequência de medição Semanalmente ou Quinzenalmente
Forma de acumulação Saldo
Polaridade Menor/melhor
Limite saudável Inadimplência deve se manter em um patamar inferior a 3% da ROL (dependendo do modelo de negócio, se for baseado em receitas recorrentes ou não, esta margem pode variar)
Limite de tolerância Inadimplência deve se manter em um patamar entre a 3% e 6% da ROL
Riscos relacionados Aumento do endividamento; Atraso ou impossibilidade de pagamento de fornecedores; Atraso ou impossibilidade de pagamento de colaboradores
Causas de desvio Dificuldades orçamentárias no cliente; Saúde financeira do cliente.

c. Limites de crédito disponíveis #

Manter limites de contratação de crédito para capital de giro pré-aprovados, com juros mais atrativos, é fundamental para que a empresa esteja preparada a responder à ocorrência de um cenário de fluxo de caixa negativo. Quando uma empresa não faz o dever de casa neste tema, está exposta à inadimplência e à contratação de créditos à juros mais altos (cheque especial). Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de disponibilidade de crédito da empresa:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Disponibilidade de créditos pré-aprovados
Como medir Somatório dos valores de linhas de crédito pré-negociadas
Frequência de medição Mensalmente
Forma de acumulação Saldo
Polaridade Maior/melhor
Limite saudável Pelo menos 2x o valor do capital de giro (dependendo do modelo de negócio, se for baseado em receitas recorrentes ou não, esta margem pode variar)
Limite de tolerância Pelo menos 1x o valor do capital de giro (dependendo do modelo de negócio, se for baseado em receitas recorrentes ou não, esta margem pode variar)
Riscos relacionados Indisponibilidade de caixa para pagamento de folha;Indisponibilidade de caixa para pagamento de fornecedores
Causas de desvio Negativação cadastral; Falta de negociação prévia com bancos; Falta de garantias

d. Renúncia de Receita #

Durante a crise, será cenário comum a procura de clientes solicitando descontos ou reduções em seus contratos. Como alternativa, a empresa poderá oferecer carências ou descontos por tempo determinado, renunciando receitas no curto prazo com o intuito de preservar valores futuros. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de renúncia de receita da empresa:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Renúncia de receitas
Como medir Somatório dos valores oferecidos em carência ou em descontos para clientes
Frequência de medição Mensalmente
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Menor/melhor
Limite saudável No máximo 6% do valor anual dos contratos (depende da reserva de caixa e modelo de negócios)
Limite de tolerância No máximo 10% do valor anual dos contratos (depende da reserva de caixa e modelo de negócios)
Riscos relacionados Fluxo de caixa negativo; Aumento da Inadimplência; Perda de faturamento
Causas de desvio Impactos econômicos nos setores de atuação dos clientes da base; Renegociações contratuais

Base de clientes #

Com a queda em novas vendas, muitas empresas apostarão na sua base de clientes, buscando preservar valor e desenvolvendo ações de retenção. É fundamental identificar sinais de alerta precocemente sobre o humor dos clientes e evitar ao máximo o risco de cancelamentos, que podem agravar ainda mais o cenário para a companhia. Muitas vezes, um corte de orçamento é um bom pretexto para cancelar um contrato de um produto ou serviço insatisfatório. A seguir, exploro alguns indicadores importantes que devem ser monitorados sobre a base de clientes.

e. Satisfação do cliente #

Conhecer os objetivos do cliente com seu produto ou serviço, e buscar a criação de valor é um caminho seguro em qualquer circunstância, não apenas durante as crises. É fundamental manter um contato regular com seu cliente, e obter feedbacks constantes sobre a sua satisfação com o produto ou serviço entregue pela sua empresa. Quanto mais segmentada fora a pesquisa, mais base para ação e tomada de decisão você obterá. Tipicamente, as empresas aplicam pesquisas de satisfação a cada 6 ou 12 meses. Durante a crise, pode ser importante aumentar a frequência da avaliação. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de satisfação do cliente:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Satisfação do Cliente
Como medir Pesquisa de opinião dirigida a pontos focais e contatos chave de seus clientes, com pelo menos 40% de respostas.
Frequência de medição Trimestral ou Semestral
Forma de acumulação Saldo
Polaridade Maior/melhor
Limite saudável No mínimo 80% de satisfação (boa ou muito boa) e no máximo 10% de insatisfação (ruim ou muito ruim)
Limite de tolerância No mínimo 70% de satisfação e no máximo 20% de insatisfação.
Riscos relacionados Perda de contratos chave; Perda de receitas; Fluxo de caixa negativo
Causas de desvio Má qualidade na prestação de serviços ou de produtos; Obsolescência dos produtos; Baixa relação de custo/benefício comparado à concorrência

f. Engajamento do cliente #

O Engajamento do cliente, além de uma fonte de novas oportunidades por indicação, é um sinal importante de vitalidade e competitividade do produto ou serviço prestado. Um cliente engajado continua contratando sua solução ou serviço mesmo que mude de emprego e é um fundamento firme durante as crises, pois advoga pela manutenção de seu contrato diante de cortes de orçamento. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de engajamento do cliente:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador NPS (Net Promoter Score)
Como medir Aplicação de pesquisa NPS entre contatos chave de sua base de clientes, com pelo menos 70% de respostas (100% de respostas entre os clientes com maior receita)
Frequência de medição Semestral
Forma de acumulação Saldo
Polaridade Maior/melhor
Limite saudável Varia conforme o mercado de atuação. Em mercados de software corporativo, por exemplo, o indicador deve ser superior a 45 pontos, enquanto em mercados de serviços financeiros, resultados acima de 10 já são considerados adequados.
Limite de tolerância Manter o indicador na faixa positiva (Mais promotores do que detratores)
Riscos relacionados Perda de contratos chave; Perda de receitas; Fluxo de caixa negativo
Causas de desvio Má qualidade na prestação de serviços ou de produtos; Obsolescência dos produtos; Baixa relação de custo/benefício comparado à concorrência

g. Contratos renegociados #

O indicador de contratos renegociados está diretamente relacionado ao indicador de renúncia de receita. Enquanto este último analisa o impacto financeiro, o indicador de contratos renegociados apresenta uma visão da concentração desta redução. São cenários de análise muito diferentes se a perda de receita ficou concentrada em poucos contratos maiores ou se está pulverizada em vários contratos.

Se o numero de contratos com renegociação é muito grande, pode ser um sinal de que o impacto da crise foi forte nos setores onde seus clientes atuam. Não significa, nesse caso, uma insatisfação com seu produto ou serviço. Quando o cliente renegocia o contrato, ao invés de cancelar, pode indicar um certo grau de engajamento, ou pelo menos, uma barreira de mudança forte de seu produto. Manter estes clientes satisfeitos, pode garantir, após a crise, uma retomada de crescimento rápida nestas contas. Além de tudo, é fundamental identificar e categorizar a motivação da renegociação, antevendo possíveis riscos futuros de cancelamento nos mesmos clientes. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de renegociações de contrato:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Quantidade de clientes com contratos renegociados
Como medir Apuração mensal das renegociações concluídas no período
Frequência de medição Mensal
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Menor/melhor
Limite saudável Depende da concentração das receitas. Se você possui muitas receitas em poucos contratos ou se você possui uma pulverização de receitas, esses valores podem variar. O balizador da decisão deve ser a entrada de caixa.
Limite de tolerância Depende da concentração das receitas. Se você possui muitas receitas em poucos contratos ou se você possui uma pulverização de receitas, esses valores podem variar. O balizador da decisão deve ser a entrada de caixa.
Riscos relacionados Perda de receitas; Fluxo de caixa negativo
Causas de desvio Baixo desempenho nos mercados de atuação dos clientes; Cortes orçamentários (reativos ou preventivos) nos clientes.

h. Contratos cancelados #

O cancelamento de contratos pode ou não estar relacionado à insatisfação ou baixo engajamento. Caso o cliente esteja enfrentando dificuldades financeiras severas, mesmo um cliente engajado e satisfeito pode não ter uma alternativa a não ser cancelar o produto ou serviço. É fundamental monitorar as causas de cancelamento, para uma futura ação de recuperação, onde for aplicável. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de cancelamentos de contrato:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Quantidade de clientes com contratos cancelados
Como medir Apuração mensal dos cancelamentos concluídos no período
Frequência de medição Mensal
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Menor/melhor
Limite saudável Até 3% dos contratos cancelados
Limite de tolerância Até 5% dos contratos cancelados
Riscos relacionados Perda de clientes chave; Perda de receitas; Fluxo de caixa negativo
Causas de desvio Baixo desempenho nos mercados de atuação dos clientes; Cortes orçamentários (reativos ou preventivos) nos clientes; Insatisfação do cliente; Baixa barreira de mudança do produto ou serviço

Vendas #

A redução na atividade comercial é, sem dúvida, o primeiro efeito a ser sentido na crise. Decisões adiadas, contratações interrompidas e a impossibilidade de agendamento de reuniões. Ainda que o seu segmento seja menos afetado, a sensação de insegurança dos mercados, a falta de perspectiva de reversão do quadro de isolamento social, coloca todos em alerta e qualquer investimento que não seja absolutamente vital é adiado por tempo indeterminado. Este é um momento para ter paciência, manter sua marca relevante e sobreviver até o fim da crise, mantendo sua base de clientes viva também, na medida do possível.

i.Geração de leads #

A geração de leads qualificados tem um potencial de impacto a médio prazo nas vendas e nas receitas da empresa, considerando um ciclo de vendas mais longo (entre 6 e 9 meses). Medir a geração de demandas nesta fase é fundamental para antever o cenário de vendas e receitas no período pós-crise. Por esse motivo. Decisões de investimento, nessa fase, devem levar em conta a demanda que está sendo gerada hoje, pois uma queda abrupta na entrada de novos leads pode significar o prolongamento da crise interna da sua empresa, mesmo após o término da quarentena. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de geração de leads:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador SQL (Sales Qualified Leads ou Leads Qualificados por Vendas)
Como medir Apurar o número de leads que convertem em oportunidade após o primeiro contato do vendedor.
Frequência de medição Quinzenal ou Mensal
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Maior/melhor
Limite saudável Pode variar conforme o tipo de produto ou serviço comercializado
Limite de tolerância Pode variar conforme o tipo de produto ou serviço comercializado
Riscos relacionados Impacto em fluxo de caixa a médio prazo; Baixo crescimento de vendas a médio prazo
Causas de desvio Hiperconcorrência pela atenção do lead (grande volume de ofertas e massificação de marketing digital); Baixa propensão do lead a iniciar um contato comercial devido à crise

j. Reuniões comerciais desmarcadas #

Ainda relacionado ao tema anterior, medir a remarcação ou cancelamento de reuniões de vendas também é um termômetro do quanto a crise está afetando a demanda e as prioridades dentro do seu cliente potencial. Mesmo empresas que estão operando em home-office, a maior parte destas está optando por adiar reuniões com fornecedores, aguardando uma definição interna sobre prioridades de investimento e cortes de orçamento. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de reuniões comerciais desmarcadas:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Reuniões comerciais desmarcadas
Como medir Apurar o número de agendas com propects desmarcadas por solicitação do cliente.
Frequência de medição Semanal
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Menor/melhor
Limite saudável Até 25% de desmarcações
Limite de tolerância Até 50% de desmarcações
Riscos relacionados Impacto em fluxo de caixa a médio prazo; Baixo crescimento de vendas a médio prazo.
Causas de desvio Baixa propensão do lead a iniciar um contato comercial devido à crise; Perda de prioridade das pautas relacionadas ao seu produto e serviço para o cliente em potencial; Envolvimento do contato/ponto-focal nos comitês de crise e planos de ação dentro do cliente potencial.

k. Oportunidades adiadas #

O adiamento de oportunidades é um indicativo de que o cliente perdeu o orçamento ou a pauta perdeu prioridade, frente à crise. Manter sua empresa relevante para este cliente sem ser invasivo ou lotar sua caixa de mensagens com Marketing Digital é a direção mais correta. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de oportunidades adiadas:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Número de Oportunidades adiadas
Como medir Apurar o número de oportunidades em que o cliente solicitou o adiamento dos contatos.
Frequência de medição Quinzenal
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Menor/melhor
Limite saudável Até 25% de adiamentos
Limite de tolerância Até 50% de adiamentos
Riscos relacionados Impacto em fluxo de caixa a médio prazo; Baixo crescimento de vendas a médio prazo.
Causas de desvio Perda de prioridade/orçamento das pautas relacionadas ao seu produto e serviço para o cliente em potencial; Envolvimento do contato/ponto-focal nos comitês de crise e planos de ação dentro do cliente potencial.

l.Oportunidades perdidas #

Oportunidades perdidas denotam vários fatores e nem sempre estarão relacionados à crise, especialmente se o seu concorrente levar a oportunidade ao fechamento ao invés de você. É muito importante ficar atento às causas de não fechamento, e atuar sobre as mesmas, para que as poucas oportunidades que estiverem vivas em seu pipeline não escorreguem.

O principal fator de sucesso nesses casos é a combinação de boa relação custo-benefício (nesse momento o seu cliente estará mais sensível a preços ou condições flexíveis de pagamento) e criação de valor (buscar o sucesso do cliente). Ajustar posicionamento de valor, treinar seu time de vendas e aprimorar seus produtos e serviços é muito importante nesse momento (e em qualquer outro momento). Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de oportunidades perdidas:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Número de Oportunidades Perdidas
Como medir Apurar o número de oportunidades com propostas colocadas/forecast em que o cliente declinou da proposta, subdividindo as causas/motivos.
Frequência de medição Quinzenal
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Menor/melhor
Limite saudável Até 33% de perdas
Limite de tolerância Até 50% de perdas
Riscos relacionados Impacto em fluxo de caixa a curto prazo; Baixo crescimento de vendas a curto prazo.
Causas de desvio Perda de prioridade/orçamento das pautas relacionadas ao seu produto e serviço para o cliente em potencial; Baixa competitividade dos produtos e serviços oferecidos; Relação custo/benefício ruim dos produtos e serviços oferecidos; Condições de pagamento inflexíveis.

m. Oportunidades ganhas #

Em um contexto de quedas vertiginosas de vendas em todos os setores, se a sua empresa ainda possui conversão, é muito importante ter um olhar mais analítico sobre estes casos: Trata-se de um segmento menos afetado na crise? Seu produto ou serviço cria algum valor específico para o enfrentamento da crise? Quais características preponderantes de qualificação deste lead que podem ser identificadas em outras oportunidades?

Compreender o por que de um cliente investir no seu produto em meio à turbulência da crise pode dar bons indicativos sobre onde apontar seus investimentos em geração de demanda e vendas. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de oportunidades ganhas:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Número de Oportunidades Ganhas
Como medir Apurar o número de oportunidades com propostas aprovadas, subdividindo em categorias representativas do cliente comprador.
Frequência de medição Quinzenal ou Mensal
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Maior/melhor
Limite saudável Até 75% da meta de vendas
Limite de tolerância Até 50% da meta de vendas
Riscos (positivos) relacionados Identificação de nichos e verticais de oferta com maior potencial durante a crise
Causas de desvio Ganho de prioridade/orçamento das pautas relacionadas ao seu produto e serviço para o cliente em potencial. Relevância do tema de seus produtos e serviços para o contexto de enfrentamento da crise; Alta competitividade dos produtos e serviços oferecidos; Relação custo/benefício boa dos produtos e serviços oferecidos; Condições de pagamento flexíveis.

Operações #

A crise do COVID-19 trouxe imensos desafios operacionais para as empresas. Muitas empresas despreparadas para o home-office tiveram que, do dia para a noite, adaptar seus processos, incorporar novas ferramentas de comunicação e reorganizar suas cadências de gestão. Não bastasse o desafio logístico desta mudança, houve uma elevação exponencial do risco relacionado à segurança da informação, com profissionais utilizando seus equipamentos pessoais para acessar dados sigilosos e sensíveis da organização, sem qualquer mecanismo de auditoria sobre estes equipamentos.

Além disso, a dispersão que o home-office traz naturalmente, para uma empresa não aculturada a esta prática, pode gerar comprometimento de performance e exposição a riscos trabalhistas. Os próximos indicadores deste artigo exploram métricas fundamentais para operações dispersas.

n. Incidentes de segurança da informação #

O acesso a dados sensíveis da organização em equipamentos não homologados pela empresa, como dispositivos pessoais (notebooks, tablets e smartphones) representa um importante desafio no momento da crise. Na impossibilidade da empresa fornecer os equipamentos de acesso, medidas de segurança como a adoção de VPNs, certificação de equipamentos pelo time de TI, entre outras possibilidades, são imprescindíveis para a continuidade e segurança da operação.

Além de tudo, intensificar as auditorias, reforçar as comunicações e a instrução dos usuários sobre as políticas da companhia. O fator humano é a principal vulnerabilidade de qualquer empresa. Monitorar as incidências de segurança da informação pode ser um indicativo importante para mensurar a eficácia das políticas de segurança implementadas pela TI. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de incidências de segurança:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Número de incidentes de segurança da informação
Como medir Apurar o número de incidentes relacionados à segurança, tais como: vazamentos de dados, acessos não autorizados, tentativas de invasão, entre outros.
Frequência de medição Diária ou Semanal
Forma de acumulação Somatório
Polaridade Menor/melhor
Limite saudável Zero incidências bem-sucedidas
Limite de tolerância Zero incidências bem-sucedidas
Riscos relacionados Indisponibilidade de telecomunicações e sistemas operacionais; Vazamento de dados sensíveis ou sigilosos; Danos à imagem da companhia.
Causas de desvio Ineficácia dos controles e mecanismos de auditoria para o cenário de Home-Office; Políticas desatualizadas ou mal comunicadas; Infraestrutura inadequada para o Home-Office; Utilização de equipamentos pessoais para acesso a sistemas corporativos.

o. Disponibilidade da infraestrutura #

Com o home-office, é necessário oferecer alta disponibilidade das infraestruturas e sistemas da companhia, especialmente em redes, telecom e sistemas de missão crítica. A TI assume o protagonismo das operações neste momento, com a missão de garantir a continuidade do negócio, provendo soluções de comunicação, colaboração, e assegurando a boa performance de acesso aos colaboradores da empresa. Abaixo elenco alguns atributos importantes no monitoramento do indicador de disponibilidade de infraestrutura:

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Disponibilidade de redes, telecom e sistemas de missão crítica
Como medir Apurar o número de horas de indisponibilidade diário dos principais ativos de infraestrutura – telecom, redes e sistemas.
Frequência de medição Diária ou Semanal
Forma de acumulação Média
Polaridade Maior/melhor
Limite saudável Acima de 99%
Limite de tolerância Acima de 95%
Riscos relacionados Descontinuidade do negócio; Baixa produtividade.
Causas de desvio Infraestruturas obsoletas ou subdimensionadas; Sistemas com arquitetura legada, sem acesso web.

p. Cumprimento de prazos #

O trabalho remoto traz um desafio adicional à produtividade. Desde barreiras de comunicação impostas pela falta do contato pessoal até a indisciplina do profissional, que precisa aprender a gerir seu tempo com mais autonomia. E o efeito natural é o aumento da incidência de estouros de prazos em atividades e projetos.

Gerenciar o cumprimento de prazos e antecipar atrasos é um fator importante de desempenho a ser acompanhado no decorrer da crise. É importante, entretanto, separar atrasos provocados pelo adiamento ou despriorização de projetos e atividades dos atrasos decorrentes da improdutividade e barreiras de comunicação.

Parâmetro Recomendação
Nome do indicador Cumprimento de prazos
Como medir Apurar o desempenho previsto e realizado na execução de atividades de processos e projetos.
Frequência de medição Diária ou Semanal
Forma de acumulação Saldo
Polaridade Maior/melhor
Limite saudável Acima de 95%
Limite de tolerância Acima de 80%
Riscos relacionados Atraso na execução de projetos; Atraso na entrega de serviços e produtos.
Causas de desvio Indisponibilidade de infraestrutura – telecom, redes e sistemas críticos; Dispersão de foco e indisciplina do colaborador no trabalho remoto

Conclusão #

Há uma máxima em gestão que diz: o que não pode ser medido, não é realmente gerenciado. Em um momento de crise, escolher os indicadores certos e assegurar a confiabilidade de sua aferição é uma questão de sobrevivência.

Além de permitir a antecipação de tendências nocivas, possibilitando a tomada consciente de decisões, gerenciar a performance da sua empresa com as métricas corretas poderá fornecer insights sobre oportunidades de recuperação e de reposicionamento que assegurem sucesso e uma navegação segura em meio ao caos gerado no mercado. E sua empresa, já ajustou seus indicadores para operar na crise?


Autor: Michael Cardoso, Sócio-fundador e diretor de operações da JExperts


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